segunda-feira, 14 de julho de 2014

Saiba o que é e como surgiu o califado islâmico

Tradição islâmica milenar pode ressurgir com grupo terrorista

Saiba o que é e como surgiu o califado islâmicoSaiba o que é um califado islâmico
Desde o surgimento do islamismo, pelas mãos de Maomé (570-632), o mundo viu a ascensão de um império que reunia política e religião. A partir do sétimo século, a expansão dos princípios religiosos muçulmanos alterou a formação dos países.
Mesmo após a morte de Maomé, a sobrevivência do seu legado se deu com a criação do cargo de “califa”, palavra de origem árabe que significa “sucessor”. O primeiro a receber esse título foi o sogro de Maomé, Abu Bakr (570-634).
O trabalho do califa é continuar a “obra de Deus” iniciada por Maomé. Abu Bakr usou mão de ferro para derrotar seus oponentes e concluir a unificação da Península Arábica. Com isso, consolidou um exército islâmico poderoso, que se dedicava a firmar os ensinamentos do Alcorão. Em dois anos de governo, Abu Bakr estava com tropas prontas para expandir ainda mais as fronteiras do império. Umar ibn al-Khattab (586-644) foi o segundo califa. A expansão territorial comandada por ele conquistou as províncias bizantinas do Egito e da Síria. Em toda região conquistada estabeleciam as regras corânicas para a vida, fortalecendo assim o islamismo. Em 638 ele conquistou a região de Israel para o império.
Após Muawiyyah, o quinto califa a ser escolhido, a hereditariedade passou ser a forma de sucessão.  Já haviam se estabelecido as divisões dentro do Islã, principalmente os sunitas e xiitas. O império islâmico continuou avançando e com isso ocorreram várias mudanças políticas e comerciais, que culminaram na criação do chamado Império Otomano, de dominação turca.
A partir de 1517, o sultão otomano também era chamado de “Califa do Islã”. Foi durante os 600 anos do Império Otomano que o califado atingiu sua extensão máxima, conquistando parte da Europa, todo o Oriente Médio, o norte da África e chegando até o sul da Rússia. Após  sua derrota na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o governo otomano viu seu território ser partilhado, sendo extinto oficialmente em 1924.
Desde então o mundo não ouvia mais a palavra “califado” para se referir a um domínio religioso islâmico que ultrapassa fronteiras geopolíticas. Mas recentemente a organização terrorista conhecida como ISIS retoma o conceito e quer ser chamado apenas de Estado Islâmico. Abu Bakr al-Bagdadi, seu líder, passou a se designar “califa de todos os muçulmanos”. Atualmente eles dominam grandes faixas de território da Síria Oriental indo até o norte do Iraque. Eles já anunciaram novas aquisições de território e preparam seu avanço para países vizinhos.
A-Bagdado afirma ser um “sucessor” de Maomé, mas para a maioria dos muçulmanos, o cargo deveria ser do rei da Arábia Saudita, chamado de “Guardião dos Dois Lugares Sagrados”, pois naquela nação estão as principais cidades sagradas para os islâmicos: Meca e Medina.
Nos últimos anos, muitas facções rivais tentaram reunir o mundo islâmico, sempre reivindicando manter a sucessão legítima do profeta Maomé.  A Irmandade Muçulmana, apoiado pela Turquia e Qatar, é uma dessas facções, que chegou a subir ao poder no Egito, mas saiu enfraquecida. A Al-Qaeda, nos tempos que era comandada por Osama bin Laden, também tinha a esperança de ser reconhecido como tal.
Com o fortalecimento do Estado Islâmico do Iraque e da Síria (ISIS), que ultimamente passou a se denominar apenas Estado Islâmico, o ressurgimento do califado é uma ideia que assusta os outros países árabes da região.
Na tentativa de demonstrar seu poder, o ISIS tem derramado muito sangue, executando cristãos (decapitados e crucificados) além de traidores muçulmanos, que eles consideram apóstatas ou rivais.
abu bakr al baghdadi Saiba o que é e como surgiu o califado islâmico
Al-Baghdadi discursa numa mesquita em Mossul.
Abu Bakr al-Baghdadi divulgou um vídeo na internet onde afirmava: “Me obedeçam tanto quanto eu obedeço a Deus.” Pregando uma ideologia jihadista, tem conseguido atrair apoiadores em diferentes partes do Oriente Médio e seu discurso é de restauração dos “áureos tempos” do Islã, o que inclui o desaparecimento de Israel enquanto nação independente. Essa unidade muçulmana defendida por ele pode ser o catalisador de uma guerra global, caso continue avançando.
O Estado Islâmico se fortaleceu com a guerra civil na Síria, atraindo militantes de vários países do mundo, o que está ajudando a disseminar suas ideias sobre esse novo califado. Para os EUA, ele representa um perigo real. Desde 2011, o governo de Obama oferece uma recompensa de US$ 10 milhões para quem der informações que levem à morte ou captura de al-Baghdadi.

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