quinta-feira, 18 de julho de 2013

CARTA DE UM REVERENDO: “’10 Coisas que gostaríamos que os cristãos entendessem sobre a homossexualidade”.


Há poucos dias, recebi em minha página no facebook (AQUI) uma lista denominada “’10 Coisas que gostaríamos que os cristãos entendessem sobre a homossexualidade”.
Esta lista está em nome do Reverendo Jim Rigby ( http://www.jimrigby.org).
Não conheço o motivo que levou este reverendo a fazer a lista, mas imagino que seja por haver alguma discórdia entre os cristãos que ele teve contato.
Esta lista não foi feita se baseando na lei ”anti-homofobia” do Brasil, logo algumas afirmações não cabem aos cristãos brasileiros quanto a este projeto de lei.
Resolvi então fazer um post respondendo a esta lista, que à primeira vista, parece querer passar algum conhecimento aos cristãos, mas no fim, percebemos que são afirmações limitadas a sociedade de Rigby. Então usá-las de modo generalista é um erro.
Então, vou listando e respondendo cada uma das afirmações da lista.
1- Se Jesus não mencionou um assunto, este não deve fazer parte dos seus ensinamentos.
Se Jesus não mencionou não significa que ele desaprove ou invalide (visto que Ele e o Pai são unidades em conceitos morais), pois Jesus não veio mudar conceitos morais já estabelecidos por Deus, veio para cumpri-los, então desconsiderar um ensino de Deus, somente porque Jesus não fez menção dele não quer dizer que o ensino foi invalidado.
E saliento que não estou falando de Lei Mosaica/Judaica, que nem sempre significa o ensino de Jesus (a Lei Judaica proibia o adultério, no entanto para Jesus, adulterar já ocorria quando se olhava com malícia ou tinha pensamentos impuros com alguém), mas estou mencionando a respeito da criação (Adão e Eva), a respeito do que Paulo (em 1 Coríntios 6.9-11, 1 Timóteo 1.8-11, Romanos 1) reafirmou mencionando que Deus criou homem e mulher, e que homossexualidade é pecado, ao qual o praticante não herdará o reino dos céus.
Então, não há desobediência, nem contradição, nem pecado/erro em ver a prática homossexual como pecado, como desagradável para Deus.
2- Você não está sendo perseguido quando é prevenido de perseguir os outros.
Prevenido de perseguir os outros?
Bom, perseguir alguém é ruim para qualquer tipo de grupo social. Mas não existe “ser prevenido de perseguir”.
Um detento por exemplo, não está sendo prevenido de roubar os outros, ele está sendo proibido, por meio da prisão, de roubar os outros.
Não existe prevenção de perseguição se esta prevenção não partiu de você, mas partiu de leis ou parte de outros meios que não sejam os seus. Não é prevenção, é proibição, coibição.
Não defendo que ninguém espanque, mate, ofenda outra pessoa por ser homossexual.
Isso é desrespeito, e partindo de um cristão, nem cristianismo é.
Porém, assim como um não cristão pode ter o conceito dele a respeito da homossexualidade, o cristão também tem seu conceito a respeito deste assunto.
Liberdade de expressão perante a lei.
3- A verdade não é como um vinho que fica melhor com o tempo. A verdade é como um maná: você deve reconhecê-lo onde estiver e com quem estiver.
Não necessariamente. Depende da aplicação.
O maná, ou seja, ”O que é isto?” foi providencia divina ao povo do Egito.
Foi um alimento produzido mediante milagre.
O maná era dado diariamente ao povo israelita, e não podia ser armazenado, com exceção da sexta, onde a quantia dada dobrava para assim suprir a necessidade do sábado, dia ao qual não haveria o maná caindo dos céus.
Esse alimento fez os israelitas sobreviverem por 40 anos no deserto. Não foram 40 dias, nem 40 meses, cessando assim que o povo entrou na terra prometida (que emana leite e mel).
Deus não providenciou a verdade para uma época de nossas vidas, e depois ela deixará de ser dada por Deus.
A verdade divina não tem prazo de validade, é eterna.
Porém a verdade (conceitos morais e éticos) da sociedade mundial é relativa, visto que muda de sociedade para sociedade, e de tempos em tempos.
A verdade brasileira com relação a maioria das mulheres é de que qualquer tipo de roupa pode ser usada, contanto que não mostre partes íntimas.
Em países com governo e costumes islâmicos, a vestimenta feminina tem no mínimo o véu.
Então a verdade sobre que vestimenta feminina é a melhor, é relativa.
Mas a verdade de Deus não é relativa, nem limitada, nem passível de expiração. É eterna, por isso não é como um maná.
4- Você não pode falar de “privilégios” quando alguém exige ter os mesmos direitos que você tem
Vamos ver os mesmos direitos.
Partes da lei que foram para o Senado:
“Art. 4º A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 4º-A:
“Art. 4º-A Praticar o empregador ou seu preposto atos de dispensa direta ou indireta:
Pena: reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.” ”
Este é o artigo mais esdrúxulo, pois se os pais descobrem que a babá é homossexual e não querem que seus filhos sejam educados por ela, e resolverem demiti-la, e ela alegar que é por ser homossexual, os pais pegarão de 2 a 5 anos de cadeia.
Mas se outros pais descobrem que a babá é cristã, e não querem que seus filhos sejam educados por ela e resolverem demiti-la, e ela alegar que é por ser cristã, nada lhes é imputado como pena.
E coloquei homossexualidade com cristianismo, pois em ambos, isso não é nato.
“Art. 8º -B Proibir a livre expressão e manifestação de afetividade do cidadão homossexual, bissexual ou transgênero, sendo estas expressões e manifestações permitidas aos demais cidadãos ou cidadãs.
Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.”
A prioridade é dos homossexuais.
Não impedir os homossexuais, mas a lei vai “quebrar o galho” dos heterossexuais mencionando que isto é permitido aos demais cidadãos e cidadãs.
Imagine a situação onde num páteo de uma igreja, o pastor ou padre não quer casais (casais heterossexuais ou homossexuais/afins) se beijando no páteo.
Ou tirando do contexto religioso, imaginemos numa escola onde isso não é permitido nem por heterossexuais, mas se homossexuais fizerem e forem impedidos, a escola e a pessoa que se cuidem que a lei vai agir.
Artigo 16º, parágrafo 5º,
o disposto neste artigo envolve a prática de qualquer tipo de ação violenta, constrangedora, intimidatória ou vexatória, de ordem moral, ética, filosófica ou psicológica.
Este artigo é tendencioso, pois, no fim vemos que se alguém acha que está sendo constrangido filosoficamente, psicologicamente, eticamente e moralmente, pode processar a outra pessoa.
Isso não depende de provar que está sendo, é apenas a pessoa SENTIR, ACHAR que está sendo constrangida nestes termos.
Este é o artigo que vai criminalizar até a leitura de passagem bíblicas que falam da homossexualidade como pecado, pois isto vai passar a ”ferir” a ordem moral e filosófica da pessoa homossexual.
Este artigo vai tornar a bíblia um livro homofóbico.
Criticar comportamento é diferente de criticar pessoas.
Querem criminalizar opinião e direitos dos demais grupos.
É por questões de má fé que esta lei é tendenciosa, como podemos ver aqui:
Falsa denúncia de homofobia no Fantástico – Veja
5- Quando você está prejudicando alguém, não se trata mais de suas “crenças pessoais”.
Isso depende do ponto de vista, pois para alguns pode soar como prejudicial à imagem citar o versículo bíblico que faz menção a homossexualidade como aberração.
Mas se o termo “prejudicar” está sendo utilizado no sentido de bater, matar, ridicularizar (bullyng), isso realmente não se trata de crença, mas se estar totalmente fora da lei.
Além de que, o cristianismo não aprova espancamento, assassinato de pessoas por não serem cristãs.
6- O casamento é um cerimônia civil, o que o torna um direito civil.
Isso não tem relevância alguma no campo religioso, já que é legislativo.
Porém se for analisar do ponto de vista cristão, todos sabemos que casamento é união entre homem e mulher. Excedendo isso, é errado, é sodomização do casamento. Isso na visão cristão, no viver cristão.
Mas não tenho o que explicar a respeito disso na área civil.
7- Se a maneira como se estimula uma discussão pública tem se tornado o norte da sua moralidade, você é quem está perdido.
O cristão segue a moralidade de Cristo.
Isso não há dúvidas.
Saiu fora deste contexto, realmente, o cristão deve rever seus conceitos.
8- Para condenar a homossexualidade, você deve citar partes da Bíblia que você mesmo não obedece. Qualquer um que obedecesse todo o Levítico estaria agora numa prisão.
Bom, o reverendo fez uma afirmação que revela que ele desconhece o que é ser cristão.
Primeiro porque o cristão que não segue os ensinos de Deus contidos na bíblia, não é cristão.
Segundo que o Levítico contém Leis Mosaicas, o que não quer dizer que são leis que surgiram em concordância com Deus.
Terceiro ponto é que, a homossexualidade como errada é mencionada por Paulo, no Novo Testamento, ou seja, não é somente em Levítico (Velho Testamento) que ela é errada, conforme já citei na resposta da questão 1.
9- Se não fizermos a coisa certa em nosso tempo, nossos netos olharão para nós com a mesma vergonha que olhamos para nossos avós racistas.
Apelo emocional para ficarmos com medo de que nossos netos, que serão amados por nós, pensem mal de nós.
Sinceramente, eu não tenho raiva de meus avós ou bisavós, ou qualquer parente que em sua época fez o que seu limite de conhecimento acerca da razão e direitos humanos lhe dava respaldo para isso.
É claro que a escravidão foi algo ruim, mas para a maioria das pessoas daquela época, com aquela visão de sociedade, comprar pessoas como escravas eram tão normal quanto comprar leite no mercado hoje.
Então, não existe esta situação de ”meus netos não vão se orgulhar de mim” ou ”meus netos vão me achar um monstro”, porque os netos não viveram em minha época, não sabiam o que realmente se passava e também não possuem os mesmos princípios morais sociais que a sociedade em minha época possui.
Embora a moralidade cristã seja imutável, a moralidade da sociedade mundial é relativa, e esta segunda pode tentar influenciar a moralidade cristã para impor seus conceitos (é que está ocorrendo ultimamente no Brasil), e cabe ao cristão utilizar de seus conceitos morais cristãos para combater e/ou desvencilhar-se desta moralidade relativa em sua vida.
10- Quando Jesus proibiu seus seguidores de julgarem os outros, isso incluía VOCÊ.
Eu mencionei num pequeno texto sobre o ”não julgue para não ser julgado” (AQUI), onde a menção deste versículo de Mateus 7.1 é mais dito a esmo, fora do contexto, do que estudado e compreendido.
Este versículo foi e continua sendo dito de forma distorcida para significar que não devemos e nem podemos dizer que a ação ou o modo de vida de alguém é errado.
Mas quem menciona ”não julgues”, já está julgando alguém.
A pessoa já age mal por mencionar que alguém está agindo mal.
E, para quem lê a bíblia, neste mesmo contexto em que foi dito isto, Jesus faz um juízo moral sobre certas pessoas, com metáforas sobre cães e porcos:
Mateus 7.6: “Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas, não aconteça que as pisem com os pés e, coltando-se, vos despedacem.”
Jesus também mencionou em João 7.24: “Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça.”
A reta justiça que Jesus menciona, é a Palavra de Deus.
Corrigir alguém mediante a Palavra de Deus, não é errado.
Mencionar um erro que alguém cometeu segundo a Palavra de Deus, para corrigir esta pessoa, não é errado.
Julgar com humildade é necessário.
O erro está em condenar, mas fazer juízos morais não é errado.
Não é errado dizer que alguém está errado, se assim o fazemos conforme orientação da Palavra de Deus.
CONCLUSÃO:
Enfim, No Brasil, o PL 122 tenta implantar regalias que nenhum outro grupo social possui.
Então algumas das afirmações de Rigby não cabem ao Brasil. Sendo assim, os que usam estas afirmações contra os cristãos brasileiros, o fazem por ignorancia.
E há pessoas utilizando esta lista como forma de generalizar a respeito de todos os cristãos.
Mas, como dito, o cristão que não obedece a Palavra de Deus, sequer é cristão.
Se alguém bate, mata homossexuais que vá para a cadeia, mas criminalizar opinião de outros grupos acerca da homossexualidade é uma atitude ditatorial.
Aos cristãos que pensam ”Eu não tenho nada com isso”:
Efésios 5:11-13
“E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-as.
Mas, todas estas coisas se manifestam, sendo condenadas pela luz, porque a luz tudo manifesta”.
Julguemos segundo a reta justiça!

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