Lei do Pai-Nosso e da calcinha estão entre propostas de bancadas evangélicas
Em 30 de novembro de 20012, Dia do Evangélico, 700 líderes de 20 estados, planejaram em Brasília em uma reunião que contou com parlamentares e representantes da Apeb e do Fenasp, além de vários pastores influentes. Foi proposta uma “agenda estratégica nacional”, que serve como base para guiar as ações de políticos evangélicos do país.
O vereador Herculano Borges (PSC), primeiro-secretário da Apeb, explica que o mesmo será feito nas frentes municipais. “A ideia é subsidiar os vereadores com fundamentos legais, para que ajam de forma local… pois… Quando barramos as propostas deles [movimentos gays e feministas] no Congresso, eles tentam implantá-las nas cidades e estados. Aí criam jurisprudência. Não vamos permitir isso”, esclarece.
Entre as diferentes leis que os políticos ligados a igrejas estão algumas menos conhecidas. Proibir que haja bares a menos de 300 metros de igrejas é a proposta do vereador Benedito Oleriano (PMN de Sorocaba/SP). A justificativa é que os fiéis precisavam “de paz para orar”. Os evangélicos de Maringá, Paraná, conseguiram, através de um projeto de lei, transferir a data da Marcha para Jesus para coincidir com a Parada Gay.
Muitas leis no restante do país são de cunho moral, que defendem a nação, a família e a vida. Carlos Apolinário (DEM-SP) propôs a criação “Dia do Orgulho Hétero” e um “banheiro gay” em espaços públicos.
Obviamente, esse tipo de proposta desagrada feministas, ativistas LGBT e adeptos de religiões de matrizes africanas, que dizem serem prejudicados com esse avanço dos evangélicos sobre o poder público. Uma das mais insatisfeitas é Kauara Rodrigues, assessora parlamentar do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA), uma ONG que monitora os projetos envolvendo aos direitos das mulheres no Congresso Nacional. Segundo ela, das 33 propostas em tramitação hoje, 30 atrapalhariam sua luta. ”O avanço dos evangélicos tornou a luta muito mais desfavorável”, reclama.
A tendência é que a influência de religiosos na política continue crescendo “Mas 60% das cidades têm ao menos um vereador ligado à nossa igreja”, comemora o pastor Lélis Washington Marinhos, presidente do conselho político da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil. Ari Pedro Oro, professor de antropologia da religião da UFRGS e escritor, diz claramente: ”Não dá para subestimar o voto evangélico nem a organização política das igrejas… Não por acaso, parlamentares temem irritar esses grupos e provocar um boicote ou reação desse poderio midiático [programas religiosos na rádio e na TV]… Daí você entender por que RR Soares e José Wellington têm sempre os tapetes vermelhos dos executivos de estados e municípios e mesmo do Planalto. Isso cristalizou a legitimação do ativismo político religioso no Brasil.”
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